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segunda-feira, 7 de março de 2011

O Homem; As Viagens

O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.

Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.

O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.
Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 

sexta-feira, 4 de março de 2011

O HOMEM, TÃO PEQUENO DIANTE DO MUNDO



O homem é um ser que foi plasmado ao mundo e diante dessa condição de ‘’ não escolha’’ ele torna-se ser de mundanidade (exposto ao mundo, jogado no mundo). Nasce,cresce, desenvolve-se e está no mundo, à circunstância de estar no mundo não assegura a nenhuma hipótese de que ele se sinta bem e se sinta parte integrante no mundo, a busca incessante de ser parte desse mundo deve partir do processo de autoconhecimento.
O homem é ser dotado de liberdade e de potencialidades de ir voluntariamente nessa busca de seu autoconhecimento tendo em vista também que ele é ser de transcendência, essa que por sua vez perpassa o tempo e o espaço, ele busca encontrar-se, isso graças ao processo de reconhecimento primeiro, ou seja; quem reconhece sua miséria metafísica diante do mundo tem potências de desencadear a angustia existencial, esta que é parte integrante do cotidiano de qualquer pessoa que tem o conhecimento de sua miséria e pequenez diante do mundo. 
Pode-se dizer que quem vive no mundo anseia sempre por explicações plausíveis para os mais diversos questionamentos que trazem em si questões relevantes da relação do homem no mundo e com o outro, algo que é da natureza do homem.
 O vazio existencial tem movido às pessoas a se locomoverem para tentarem dar um verdadeiro sentido à vida, processo esse que requer por parte dele assumir uma difícil jornada e processo de experimento de seu próprio ‘’ EU ‘’ para se sentir parte de um todo, para humanizar-se.
O homem na sua condição de liberdade pode optar ou não em ir ao encontro desse ‘’eu interior’’ que transcende, esse exercício é um grande arriscar.
Por fim a sensação de pequenez é substituída a partir do momento em que o homem, este que nasce no mundo, vive no mundo, experimenta o mundo e humaniza o mundo tem um profundo encontro que possibilita a alegria de conviver com o mundo e no mundo se sentir parte integrante.

Jhonatan dos Santos Ferreira- graduando em filosofia - PUC .MINAS