FILÓSOFOS
PRÉ-SOCRÁTICOS
Os pré-socráticos são filósofos que
viveram na Grécia Antiga e nas suas colônias. Assim são chamados pois são os
que vieram antes de Sócrates, considerado um divisor de águas na filosofia.
Muito pouco de suas obras está disponível, restando apenas fragmentos. O
primeiro filósofo em que temos uma obra sistemática e com livros completos é
Platão, depois Aristóteles. São chamados de filósofos da natureza, pois
investigaram questões pertinentes a esta, como de que é feito o mundo. Romperam
com a visão mítica e religiosa da natureza que prevalecia na
época, adotando uma forma científica de
pensar. Alguns se propuseram a explicar as transformações da natureza. Tinham
preocupação cosmológica. A maior parte do que sabemos desses filósofos é
encontrada na doxografia de Aristóteles, Platão, Simplício e na obra de
Diógenes Laércio (século III d. C), Vida e obra dos filósofos ilustres. A
partir do século VII a.C., há uma revolução monetária da Grécia, e advêm a ela
inovações científicas. Isso colaborou com uma nova forma de pensar, mais
racional. Os pré-socráticos inspiraram a interpretação de filósofos
contemporâneos como Nietzsche, que nos iluminou com a sua obra A filosofia na
época trágica dos Gregos e Hegel, que aplicou seu sistema na história da
filosofia.
Tales de Mileto
Anaximandro
Anaxímenes
Pitágoras
Xenófanes
Heráclito
Parmênides-
Zenão de Eléia
Empédocles
Anaxágoras
Leucipo de Mileto
Demócrito
Tales
de Mileto
Tales de Mileto – (+ ou-
640-548 a. C) Tales é considerado o pai da filosofia grega, o primeiro homem sábio. Foi um
homem que viajou muito. Os pensadores
de Mileto iniciaram uma física e uma cosmologia. O universo era considerado um campo com pares opostos das
qualidades sensíveis. É de Tales a
frase de que á água é a origem de todas as coisas. Tudo seria alteração da água, em diversos graus. O alimento de toda a
coisa é úmido. Aristóteles afirmou que ele foi o primeiro a atribuir uma causa
material para a origem do universo.
Também era matemático, geômetra e físico. Aparece nas listas dos Sete Sábios da
Grécia. Outra frase que pode ser dele é a de que tudo está cheio de deuses, ou seja, a matéria é viva.
Dizem que previu um eclipse solar e
calculou a altura de uma pirâmide. Em Aristóteles há um trecho dizendo
que era sabido ser uma afirmação de Tales que a alma é algo que se move. Teve
como discípulo Anaximandro.
Anaximandro
Anaximandro – (+ ou –
610-547 a. C) é um filósofo da escola jônica, natural de Mileto e discípulo de Tales. Foi geógrafo,
matemático, astrônomo e político.
Escreveu um livro, Sobre a natureza, que se perdeu. É considerado autor
de um mapa do mundo habitado e
iniciador da astronomia. Afirmou que a origem de todas as coisas seria o
apeíron, o infinito. O mundo se dissolveria nele também. É apenas um mundo dentre muitos. Ao
contrário de Tales não deu à gênese um
caráter material. O apeíron é eterno e indivisível, infinita e indestrutível. O
princípio é o fundamento da geração de todas as coisas, a ordem do mundo
evoluiu do caos em virtude deste princípio. Teve como discípulo Anaxímenes.
Anaxímenes
Anaxímenes – (+ ou –
588-524 a.C.) foi um filósofo da escola jônica, que tem como característica básica explicar a origem
do universo ou arché a partir de uma
substância única fundamental. Refutando a teoria da água de Tales, e do ápeiron
de Anaximandro, Anaxímenes ensinava que essa substância era o ar infinito, pneuma ápeiron. O universo
resultaria das transformações do ar, da sua rarefação, o fogo, ou condensação,
o vento, a nuvem, a água e a terra e por último pedra. Esse era o processo por
qual passava uma substância primordial, e resultava na multiplicidade, os
quatro elementos. O ar tinha o eterno
elemento. Escreveu uma obra, como Anaximandro: Sobre a natureza. Dedicou-se à meteorologia, foi o primeiro a considerar que
a lua recebe a luz do sol. Era
companheiro de Anaximandro. Hegel diz que Anaxímenes ensina que nossa alma é
ar, e ele nos mantém unidos, assim um
espírito e o ar mantém unido o mundo inteiro. Espírito e ar são a mesma coisa.
A substância da origem volta a ser uma
coisa determinada como em Tales. Anaxímenes
identificou o ar talvez porque tenha visto seu movimento incessante, e que a vida e o ar andam juntos,
na maioria dos casos. A respiração é um processo vivificante, dependemos dela
durante toda a nossa vida. Ele via
que no céu existem nuvens, e que a matéria possui diferentes graus de
solidez.
Outra frase que consta nos fragmentos
é "O sol largo como uma folha".
Pitágoras de Samos
Pitágoras – (século VI
a.C.) Conhece-se muito pouco sobre a vida desse filósofo, pois foi uma figura
legendária, e é difícil distinguir o que é verdade e o que é mentira. Nasceu em
Samos, em uma época em que na Grécia estava instituído o culto ao deus Dioniso.
Os órficos (de Orfeu) acreditavam na imortalidade da alma e em reencarnação
(metempsicose), e para se livrar desse ciclo, necessitavam da ajuda de Dioniso,
deus libertador. Pitágoras postulou como via de salvação em vez desse deus, a
matemática. Acreditava na divindade do número. O um é o ponto, o dois determina
a linha, o três gera a superfície e o quatro produz o volume. Os pitagóricos
concebem todo o universo como um campo em que se contrapõe o mesmo e o outro. É
de Pitágoras o teorema do triângulo retângulo. Fundou uma seita, em que a
salvação dependia de um esforço humano subjetivo, e que tinha iniciação
secreta. Os números constituem a essência de todas as coisas segundo sua
doutrina, e são a verdade eterna. O número perfeito é o dez, por causa do
triângulo místico. Os astros são harmônicos. Foi Pitágoras que inventou a
palavra filosofia – (amizade ao saber).
A escola de Pitágoras gerou os
pitagóricos, que procuraram aperfeiçoar o sistema filosófico original. Eles
floresceram em uma colônia grega na Itália. Pregavam o ideal da salvação do
homem, tinham um caráter místico e espiritualista, e davam à matemática um
caráter matemático.
Muitos filósofos foram
também matemáticos, que atribuem ao universo a lógica dos números e em muitos
pontos de sua doutrina buscam a matemática para fundamentar a sua lógica. É uma
visão mecanicista, que identifica no mundo o raciocínio matemático. Platão
exaltava a geometria, por essa ter um caráter
abstrato. Outros filósofos
matemáticos importantes foram Descartes, Leibniz e Bertrand Russel. Spinoza
escreveu um livro chamado A ética demonstrada pelo método geométrico, que é o
método euclidiano de expor.
Xenófanes
de Colofão
Xenófanes de Colofão –(século IV a. C)
atribui-se a ele a fundação da escola de Eléia. Levou vida errante, passou
parte dela em Sicília, tendo fugido de sua terra natal por causa da invasão dos
medas. Alguns duvidam de sua ligação com Eléia. Em seus fragmentos defendeu um
deus único, supremo, que não tinha a forma de homem. Realçou isso afirmando que
os homens atribuem aos deuses características semelhantes a eles mesmos, que
mudam de acordo com o povo. Se os animais tivessem mãos para realizarem obras,
colocariam nos deuses suas características. Restaram de suas obras alguns
fragmentos, sendo que uns satíricos. Foi contra a grande influência de Hesíodo
e Homero (historiador e escritor gregos). Zombou dos atletas, preferindo a sua
sabedoria aos feitos atléticos, que não enchiam celeiros. O deus segundo
Xenófanes está implantado em todas as coisas, o todo é um, e é supra-sensível,
imutável, sem começo, meio ou fim. Teve como discípulo Parmênides.
Segundo Hegel os gregos tinham apenas o
mundo sensível diante de si, e não encontravam satisfação nisso. Assim jogavam
tudo fora como sendo não verdadeiro, e chegavam ao pensamento puro. O infinito,
Deus, é um só, pois se fosse dois haveria a finitude. Hegel identifica a
dialética* em Xenófanes, uma consciência da essência, pura, e outra de opinião,
uma sobrepondo a outra, indo contra a
mitologia grega.
*Dialética – Em Platão a dialética é o
processo pelo qual a alma se eleva, em degraus, da realidade sensível ao mundo
das idéias. É um instrumento de busca da verdade.
Em Hegel, é o movimento racional que nos
permite superar uma contradição. Assim, na história vemos uma tendência, e a ela volta-se uma
oposição, criando uma tensão, que é superada por uma nova tese que traz a
solução. É o movimento tese, antítese e síntese. Não se restringe apenas a
história, mas deve ser encarada como parte do real, uma forma de pensar
evolutiva
Heráclito
de Éfeso
Heráclito – (+ ou – 540-470 a. C)
nasceu em Éfeso, cidade da Jônia, descendente do fundador da cidade. É considerado o mais importante dos
pré-socráticos. É dele a frase de que tudo flui. Não entramos no mesmo rio duas
vezes e o sol é novo a cada dia. É o filósofo do devir, a lei do universo, tudo
nasce se transforma e se dissolve, e todo o juízo seria falso, ultrapassado.
Desprezava a plebe, não participou da política e desprezou a religião, os
antigos poetas e os filósofos de seu tempo. É o primeiro pré-socrático com um número
razoável de pensamentos, que são um tanto confusos, e por isso tem o nome de
Heráclito, o obscuro. São aforismos. Foi muito crítico. Chama a atenção, além da pluralidade, para os
opostos. Tanto o bem como o mal são necessários
ao todo. Deus se manifesta na natureza, abrange o todo e é crivado de
opostos. O logos é o princípio cósmico,
elemento primordial, e a razão do real, a inteligência. A verdade se encontra
no devir, não no ser. Com sentidos poderosos, poderíamos vê-lo. O pensamento
humano participa e é parte do pensamento universal. O fogo é eterno, um dia
tudo se tornará fogo. O sol seria da largura de um pé humano. A felicidade não
está nos prazeres do corpo. A morte é tudo que vemos despertos, e tudo o que
vemos dormindo é sono. Existe a harmonia visível e a invisível. A alma não tem
limites, pois seu logos é profundo e aumenta gradativamente. O pensar é comum a
todos. A terra cria tudo, e tudo volta para ela.
Hegel identifica em Heráclito a dialética:
Heráclito concebe o absoluto como processo, com a dialética, exterior, um
raciocinar de cá para lá e não a alma da coisa da coisa dissolvendo-se a
si mesma, a dialética imanente do
objeto, situando-se na contemplação do sujeito, objetividade de Heráclito,
compreendendo a dialética como princípio. O ser não é mais que o não ser. O
fogo condensa-se, e apagado vira água. Encontramos em Heráclito algo comum
entre os sábios: o desprezo pelo populacho, (como era comum Nietzsche dizer) e
instituições dominantes. Teria sua experiência lhe dado base para isso?
Ele pode ter contemplado com os seus
próprios olhos o devir, movimento inteligente do universo e maravilhoso.
Encontrou fogo na alma humana, comparou-a com uma chama que se apaga na morte. Identificou o infinito na natureza, não
apenas o matemático, mas o que constitui a essência das coisas. Pois todas as
coisas têm uma essência, e o fluxo da alma é tão fundo que não tem fim.
Parmênides
Parmênides – (+ ou – 544-450 a. C) filósofo da
escola eleática, da região de Eléia, hoje Vília, Itália. Foi discípulo de
Amínisas. Conheceu a filosofia de sua época. Escreveu um poema, cujo preâmbulo
tem duas partes, a primeira trata da verdade, a segunda da opinião. Suas
conclusões são contrárias às de Heráclito, seu contemporâneo. Na primeira parte
do poema proclama a razão absoluta, que é o
discurso de uma deusa. Para se chegar à verdade não podemos confiar nos
dados empíricos, temos de recorrer à razão. Desta forma nada pode mudar, só
existe o ser, imutável, eterno e único, em oposição ao não ser. Teve como
discípulo Zenão, também de Eléia.
Segundo Nietzsche, foi em um estado de
espírito que Parmênides encontrou a teoria do ser, considerando o vir a ser. Pensou: algo que
não é pode vir a ser? Não. – Temos de ignorar os sentidos e examinar as coisas
com a força do pensamento. O que está fora do ser não é o ser, é nada, o ser
é um.
Ao colocar como “imperativo categórico” o
ser, e com ele a verdade que se chega na razão, Parmênides inaugura uma
manifestação humana de conseqüências funestas. A refutação dos dados empíricos, em favor do que pode ser
comprovado com a razão age sobre o resultado final dos mesmos. Assim, com o possível de ser
explicado em primeiro plano, deixamos de lado um aspecto da percepção: a
mudança, pois mudar é deixar de ser. O devir, nesses parâmetros é uma
ilusão, o fluxo da natureza também e o
que é confiável é aquilo que é assimilado e compreendido. Põe se barreiras na
percepção pura, que provêm da mente aberta, para usar um termo de Aldous
Huxley.
Zenão,
de Eléia
Zenão, de Eléia (século V a. C)- cerca
de quarenta anos mais jovem que o seu mestre e conterrâneo Parmênides. Nasceu
na Eléia, e interviu na política, dando leis à sua pátria. Zenão teria deixado
cerca de quarenta argumentos, sendo que
nove foram conservados pelo doxógrafos. São dispostos em problemas de grandeza,
do espaço, do movimento e da percepção sensível. Ele parte da divisibilidade
infinita do espaço, pois um corpo percorrendo um espaço infinito em um tempo
finito estaria imóvel. Seus argumentos
constituem-se verdadeiras aporias (caminhos sem saída), indo até ao absurdo.
Foi considerado por Aristóteles o inventor da dialética, no sentido de diálogo
que parte das premissas do adversário e o põe em contradição, numa posição insustentável.
Defendeu as teorias do ser de seu mestre, Parmênides, contra os seus
adversários, notoriamente os pitagóricos, que pregavam o ser múltiplo e
divisível. O infinito não pode ser percorrido num tempo finito, só em um tempo
infinito. Seus argumentos ficaram conhecidos como paradoxos de Zenão.
Paradoxo de Aquiles: o mais lento na
corrida jamais será alcançado pelo mais rápido, pois o que persegue deve sempre
começar a atingir o ponto de onde partiu o que foge. Outro argumento pretende
afirmar que uma flecha está em repouso ao ser projetada. É a conseqüência da
suposição de que o tempo seja composto de instantes.
Ele demonstra que quando há o
múltiplo, há o grande e o pequeno. Quando grande, o múltiplo é infinito, segundo a grandeza.
Para Hegel, a dialética de Zenão
possui mais objetividade que a atual. Ele ainda se conteve com os limites da metafísica.
Segundo muitas lendas, tornou-se
célebre em sua morte, quando salvou um Estado de seu tirano, sacrificando sua vida,
pois foi torturado e não delatou seus companheiros de conjura. Por isso
foi assassinado.
Empédocles
Empédocles (+ ou – 490- 435 a. C) natural de
Agrigento na Sicília. A democracia estava em fase de implantação e ele a
defendeu. Virou figura lendária, um misto de cientista, de místico, de
pitagórico e órfico. Escreveu dois poemas. No primeiro apresenta uma única
visão do processo cosmogônico, e o segundo é religioso. Refutou as teses que
atribuem a origem do universo a um único elemento.
Identificou quatro substâncias
básicas, que ele chamou de raízes: a água, a terra, o fogo e o ar. Tudo se
consiste desses quatro elementos, e as transformações que advêm a eles seriam
visíveis a olho nu.
Essas substâncias são eternas, imutáveis.
Jostein Gaardner afirma que talvez Empedócles tenha visto uma madeira queimar,
alguma coisa aí se desintegra. Alguma coisa na madeira estala, ferve, é a água, a fumaça é o ar, o responsável é o
fogo, e as cinzas são a terra. As verdades não seriam mais absolutas, como nos
eleatas, mas proporcionais à medida humana. As coisas são imóveis, mas o
que percebemos com os sentidos não é
falso. Duas forças atuariam nas substâncias, o amor e o ódio. O amor agiria
como força de atração e união, o ódio como força de dissolução. Em quatro
fases, existe a alternância do amor e do ódio. Estabelece um ciclo, com a
tensão da convivência dessas forças motrizes.
Empédocles dizia que alguns animais vêem
melhor de dia do que de noite, e vice versa. O
pensamento se produz com a sensação.
Admitiu a multiplicidade de itens de uma
criação, como um pintor que mistura diferentes pigmentos em sua obra. Fala
muito da deusa do amor Afrodite, portadora da vida e da beleza. Em sua
filosofia todos os animais têm pensamentos. A inteligência cresce de acordo com
os dados sensoriais do tempo presente.
Hegel afirma que para Empédocles, outros
elementos que não os quatro básicos, não são em si e para si. Não poderíamos
visualizar o mundo sem os quatro elementos básicos. Nietzsche traça um perfil
de Empédocles: cabelos longos, sandálias de couro nos pés e uma coroa na cabeça. Com vestido cor de púrpura. É um
filósofo trágico, pessimista, ativo. Queria provar que era um deus, atribuía-se
qualidades místicas. Todos os movimentos, segundo ele nasceram de uma natureza não mecânica, mas levam a um
resultado mecânico.
Conta a lenda que se atirou no vulcão Etna
para provar que era um deus.
Anaxágoras
Anaxágoras (+ ou – 499-428 a. C)- filósofo
da escola jônica nascido na Ásia menor, foi o primeiro filósofo a se transferir
para Atenas, de onde foi banido por considerar o sol uma pedra incandescente e
a lua uma Terra, negando a divindade desses corpos celestes. Interessava-se
muito por astronomia. Houve um processo que acabou por condena-lo, apesar de
ser amigo de Péricles, seu mestre e protegido. Péricles foi um grande líder
político. Sócrates que nasceu cerca de trinta anos depois de Anaxágoras também
foi condenado. Atenas considerava a novidade, a filosofia, uma impiedade e
ateísmo. Anaxágoras se recusava a prestar culto aos grandes deuses gregos. Era
filho de Hegesibuldo. Disse que as coisas corpóreas eram infinitas, e elas
pareciam engendrar-se e destruir-se pela combinação e dissolução. No início,
todas as coisas seriam infinitas em quantidade e pequenez, pois o pequeno
também era infinito. Toda a matéria estava condensada. O ar e o éter são o
maior conjunto de coisas. Muitas coisas de todas as espécies são contidas em
todos os compostos e sementes. Em tudo há um pouco de tudo. Em cada minúscula
partícula, ou semente, há uma parte de todas as coisas, pois todas as coisas
são formadas por essas sementes. Essas coisas se resolviam e separavam pela
força e rapidez, a força é a rapidez que produz. E o espírito começou a se mover,
e em todo movimento havia uma separação, e as partículas se desdobravam, o
espírito sempre é, sempre afirma. O compacto, o fluído, o frio e o sombrio se
colocaram onde se formou a terra, e o ralo o quente e o seco forma para longe
do éter. As visões das coisas invisíveis são aparentes, a lua reflete os raios
de sol, em sua filosofia. E as coisas, que estavam juntas foram separadas por
esse espírito inteligente e puro (nous), que ordenava a matéria e se movia,
separando os opostos e criando os seres diferenciados. Os graus de inteligência
dos seres animados (animais e plantas) dependem da estrutura do corpo em que o
nous está ligado sem se misturar. Para Hegel, Anaxágoras foi um sóbrio entre os
ébrios. Fundamenta sua crítica dizendo que ele foi o primeiro a dizer que o
pensamento é universal, em si e para si, o puro pensamento é verdadeiro.
Universal pela noção de causalidade. Essa noção, se não é universal, se não
considera a coisa em si, costuma dizer coisas como: a causa da existência do
capim é servir de alimento para os herbívoros, e a destes é servir de alimento
para os carnívoros, os troncos fluem para determinado lugar, pois estão
precisando deles lá e assim por diante. O nous de Anaxágoras é universal,
move-se para diante. Cada idéia é um círculo de si mesma, e o bem universal de
sua espécie. O nous é a alma que a tudo move, que liga e separa, uma atividade
que põe uma primeira determinação como subjetiva, mas essa é feita objetiva, e
assim se torna outra, e de novo esta oposição é sobreposta, assim até o
infinito. Isso é dialética. Topo
Leucipo
Leucipo (século V a. C) Filósofo grego,
criador da teoria atomista, que foi desenvolvida por Demócrito. É considerado
discípulo de Zenão, mas também especula-se sobre ser na verdade discípulo de
Parmênides e Melisso*. Atribuem a Leucipo uma obra: A Grande ordem do Mundo.
Neste livro diz que nenhuma coisa
se engendra ao acaso, mas
a partir da razão e da necessidade. Seria natural de Mileto ou Eléia.
Segundo Hegel, Leucipo concebeu a
determinabilidade não de modo superficial, mas de maneira especulativa. Haveria
no mundo a matéria e o vazio. A matéria é constituída de átomos, que se movem
em torvelinho. O absoluto é o átomo, o verdadeiro. O um e o princípio são
abstratos. Princípio do um é ideal, o pensamento é a essência das coisas. Sua
filosofia, para Hegel, não é empírica. Os átomos movem-se por necessidade, se
chocam e se rechaçam. São distintos entre si pela ordem e pela posição.
Leucipo queria aproximar o pensamento
do fenômeno e da percepção sensível, para Aristóteles. A alma também se
constituiria de átomos.
Leucipo explicou o
fenômeno do peso de acordo com o tamanho dos átomos e suas combinações. Os
átomos seriam partículas minúsculas e indivisíveis por sua pequenez. O mundo teria
a parte cheia e a parte vazia. Foi o primeiro a conceber uma parte vazia no
universo. A parte cheia seria constituída de átomos. Rejeitou a descoberta dos
pitagóricos de que a Terra é esférica.
Melisso
Melisso – floresceu em
cerca de 444/41 a.C. Nasceu em Samos, ilha do mar Egeu, e era filósofo e
político, tendo derrotado os atenienses com uma esquadra que comandou. Defensor
de Parmênides, atacou Empédocles. Escreveu um poema, Sobre o ser. Disse que o
todo é imóvel, pois se movesse haveria vazio e o vazio é um não ser. Para ele
tudo sempre existiu, e sempre existirá. O mundo é infinito.
Demócrito
Demócrito (+ ou – 460-370 a. C) – nasceu
em Abdera (Trácia). Foi discípulo e sucessor de Leucipo, desenvolveu sus teoria
atomista e participou da escola iniciada por seu mestre em sua terra natal. De
sua vida sabem-se poucas coisas seguras, mas fala-se que viajou muito, recebeu
homenagens de seus concidadãos. É famosa a tradição que lhe atribui um riso
constante, presente para qualquer coisa. É um dos primeiros materialistas.
Teria deixado cerca de noventa obras. Para resolver o impasse surgido nas
teorias de Heráclito e Parmênides, desenvolve a teoria de que tudo seria
composto por partículas minúsculas indivisíveis e invisíveis a olho nu,
inclusive a alma. Os átomos da alma se desintegrariam no momento da morte.
Portanto, não acredita na imortalidade da alma, embora gostasse de Pitágoras.
Trabalhou muito, dizia que os trabalhos feitos de bom grado fazem mais leves as
cargas dos impostos a contragosto. Na sua filosofia, o trabalho continuado
torna-se mais leve por causa do
átomo. Um trabalho bem feito e terminado dá mais satisfação que o descanso, e
um trabalho em que não há retorno causa muito desprazer. O homem sensato dosa a
avareza com o gasto, e suporta com brandura a pobreza. Quanto à forma, a
emanação é igual às coisas. Os átomos são indivisíveis, pois se fossem
divisíveis em partículas ainda menores. A natureza acabaria por se diluir. E
como nada pode surgir do nada, são eternos. O movimento existe, pois o
pensamento é movimento, e também os átomos se movem. Quando os átomos estão em
equilíbrio, são tão numerosos que não podem mais se mover, os mais leves
são repelidos para o vazio exterior
(portanto, o vazio existe) e os outros permanecem juntos, formando um
conglomerado. Cada um desses conglomerados que se separam das massas dos corpos
é um mundo, e existem infinitos mundos. Esta é uma visão nietzscheana da teoria
de Demócrito. A essência da alma está na sua natureza animadora, de movimento.
A alma é feita de átomos sutis, que se movem, lisos e arredondados. O fogo faz
parte da essência do homem. Se a respiração cessa, o fogo interior escapa, e
ocorre a morte. O homem é infeliz porque não conhece a natureza. Temos de nos
contentar com o mundo tal como ele é. Os átomos constituem a explicação última
da natureza. Foi o mais lógico dos pré-socráticos. Nietzsche o considera um
poeta, Aristóteles admira sua
universalidade. Sua doutrina seguiu adiante, e temos outros atomistas,
como Epicuro.
REFERÊNCIA
http://www.consciencia.org/pre_socraticos.shtml.
Acesso em 01/03/2017
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