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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

“ANTIGONA”: UMA LEITURA À LUZ DA INSERÇÃO DA MULHER NA VIDA SOCIAL E A QUESTÃO DE GÊNERO.

Inicialmente trataremos de abranger a obra “Antigona” de autoria de Sófocles, a qual narra um drama ocorrido na Grécia Antiga, sabe-se que apesar de o fato ter seu desfecho a muito tempo o fenômeno aqui tratado exerce ainda tal predominância no cenário atual. Não podemos negar o legado das escolas filosóficas da Grécia antiga sobre o modo de pensar e agir do ocidente até os dias de hoje. A Tragédia narrada, conta a história da luta de uma irmã que vai contra as ordens e hegemonia do Rei Creonte, ela vai em desacordo com as normas estabelecidas e geradas pela dominação de gênero expressa pela pessoa do Rei. Não obstante dos dias atuais a mulher assume na sociedade um lugar à margem, onde são vistas como minorias e insignificantes nas tomadas de decisões e intervenções que outrora deveriam ser democratizadas.
O paralelo que podemos fazer está relacionado às problemáticas percebidas na realidade social a qual estamos inseridos. No que tange o uso da democracia e a inserção da mulher de maneira especifica nos meios políticos de nossa sociedade, podemos assim,  recorrer as duas figuras femininas colocadas em evidência na obra citada; Antigona e Ismene. Uma representa o comportamento que era permitido ás mulheres na época, que se baseia na submissão e obediência, e a outra, representa uma ruptura das normas, torna-se uma transgressora diante de sua atitude.
A atitude de Antigona que na condição de mulher denota e interfere de tal modo em questões politicas e democráticas relacionadas ao modo de governar de um rei. A partir do instante em que essa interferência se dá pelo não cumprimento da lei imposta pelo rei, Antigona passa a ser ativa na sociedade , isto é, apesar do preconceito de gênero, ela atua pautada na sua liberdade e auto reconhecimento da autonomia e direitos . A atitude dessa imagem feminina favorece para repensarmos na luta por reconhecimento da ação de muitas mulheres espalhadas nas várias esferas sociais. Reler essa obra de Sofócles é um convite a avaliarmos como temos visto as mulheres em seus papeis que ocupam na sociedade civil. De tal modo, precisamos ainda ouvir os diversos movimentos feministas, em vista de escutarmos e interpretamos quais são as reivindicações e direitos almejados.
A participação da mulher de forma engajada e consciente favorece uma discussão e reflexão ao que se refere aos sistemas discriminatórios que permeiam ainda nossa sociedade, instituições, etc. Urge como necessário um espaço que seja capaz se suspender em juízo essas questões de imposições, do machismo, da onda de dominação e hierarquia baseada no fenômeno do gênero, trago o termo fenômeno para caracterizar o termo gênero por ser esse de fato algo que se manifesta/surgem advindo de uma construção da sociedade. Nossa sociedade é marcada por um preconceito em relação à presença da mulher nos meios políticos e no que diz respeito aos direitos sociais, disso, surgem os movimentos feministas que lutam por efetivação dos diretos igualitários das mulheres. Os Movimentos feministas vêm denunciando em suas ações todas as maneiras possíveis que existam em relação as formas de domínio, opressão, desigualdade, abusos, transgressões dos valores da pessoa humana, oriundos da questão de gênero.
Vale a pena pararmos e refletirmos quantas Ismenes ainda existem em nossa sociedade e quantos Creontes são dominadores dos direitos das mulheres. As diversas expressões do preconceito, da intolerância, da hierarquia que oprime e domina, é parte do nosso dia a dia, nesse sentido, o papel da escola como interventora e formadora de opinião e cidadãos passa antes pela ruptura de todos os estereótipos que possam ser gerados pela questão de gênero.
 A escola é uma grande parceira na luta contra esse sistema cristalizado, onde as classes minoritárias são ainda deixadas de lado, onde a intolerância ainda permanece. A luta pela efetivação de direitos deve antes, iniciar na sala de aula, espaço de construção de identidade e de referências, apostar em uma escola que assuma em sua missão o dever de ser protagonista nessa luta pela igualdade e pelos direitos é uma ação concreta para a mudança de cenários.

                                                               TEXTO DE: Jhonatan dos Santos Ferreira
Referência Bibliográfica
SÓFOCLES. A trilogia tebana. Trad. Mário da Gama Kury. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.


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