2.1
Significância do neologismo Dasein
Uma
vez apresentada na introdução desse tópico a intenção de Heidegger em livrar-se
de uma conceituação generalizada do ser, em uma Metafísica por ele considerada do “esquecimento do ser”, e frente à
necessidade de um sentido do ser que fora em sua obra Ser e Tempo elucidado a partir dos parágrafos um e dois acerca da
problemática do sentido do ser, dirigimo-nos agora a uma compreensão do que seja
o Dasein, visando de tal modo
apresentar o fenômeno da liberdade no modo da eleição do Dasein.
Em sua obra Ser e Tempo, Heidegger faz uso do neologismo Dasein para se referir ao ser do homem com suas aberturas de
possibilidades de ser no mundo. É com referência ao Dasein que toda a sua reflexão filosófica ganha uma roupagem
inovadora frente às abordagens já existentes. Heidegger, foi o primeiro a
aplicar em sua investigação o neologismo Dasein.
Para
Heidegger, o Dasein é um ser no
mundo, ser-aí, ser com os outros, é um modo de ser do homem que o faz ser
privilegiado (personalizado) frente aos outros seres existentes, ou seja, aos
entes intramundanos. O Dasein significa o modo de ser, de
existir do existente, de um ente particular que é o homem.
Justifica salientar que ao referir-se ao
mundo em que o Dasein se insere,
Heidegger o apresenta sobe três acepções: Umwelt
utilizado para fazer menção ao ambiente, mundo à nossa volta; Mitwelt aplicado ao mundo-com, com as
pessoas que estão em relação e, por último, o Selbswelt: que se aplica ao mundo próprio.
É o próprio Dasein que confere sentido a tudo que
existe no mundo; ele existe como um conjunto de coisas utilizáveis que sempre
estão à disposição, que é lançado à mão do Dasein,
é ele quem atribui utilização às coisas.
Diz Heidegger em sua
investigação da conjuntura[1]
(Bewandtnis) e significância, no
parágrafo dezoito, que é por intermédio do mundo que o que se manuseia está à
mão. A expressão “ser no mundo” leva-nos a reconhecer que o Dasein traz consigo em sua bagagem
ontológica a abertura para as relações; ele está vinculado ao mundo, é esta
vinculação que constitui a sua existência, sendo no mundo, ele é ser com, ou
seja, está lançado às relações, ele é presença, ele em seu ato de existir não
se reduz a uma realidade dada e acabada, mas se abre a uma realidade que deve
ser conquistada, projetada. O Dasein
é um poder ser, é um projeto.
Comentadores de Heidegger traduzem o
neologismo Dasein como presença, o
existente aí, disponível, etc. Atendo-se à busca do modo de ser do homem no
mundo Heidegger faz reflexões que muito contribuíram e contribuem nos dias
atuais para uma melhor consideração ao que diz respeito ao modo de ser do Dasein. O Dasein é ser de relações e o único que tem consciência de sua
existência, assim como ser consciente ele tem a liberdade de eleger-se no mundo
das possibilidades, o caráter da liberdade é um fato que norteia o modo de ser
do Dasein, é na liberdade que o homem
frente às possíveis formas do existir se elege.
[1] Conjuntura: Ser e Tempo reserva
esse substantitivo para caracterizar o processo de possibilitação da integração
dos diversos modos de ser no mundo. ( HEIDEGGER, 1988, p.317)
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